Ludwig van Beethoven (1770-1827) - Sonatas para piano No. 8 ("Patética"), 9, 10 e 11 - CD 3
Música Clássica

Ludwig van Beethoven (1770-1827) - Sonatas para piano No. 8 ("Patética"), 9, 10 e 11 - CD 3


Sigamos com as sonatas de Beethoven. Destaquemos neste registro a sonata no. 8, conhecida como "Patética". A Sonata para piano No. 8 em Dó menor, op. 13, geralmente conhecida como, Sonata Patética, foi publicada em 1799, embora tenha sido escrito no ano anterior, quando o compositor tinha 28 anos de idade. Beethoven dedicou esta obra ao seu amigo, o Príncipe Karl Lichnowsky. Já no primeiro movimento Beethoven traz características revolucionárias. Pela primeira vez, Beethoven inicia uma sonata com um movimento lento. Um acorde forte estabelece a tonalidade e inicia uma seção muito expressiva, que funciona como uma introdução. As nuances são muito sutis, mas criam uma atmosfera nunca antes experimentada numa sonata para piano ? quasi una fantasia. Mais do que uma simples introdução, esse Grave abre uma nova maneira de se expressar é parte integrante do movimento já que retorna, de forma abreviada, no começo e na coda da seção de desenvolvimento deste movimento. Numa rápida escala cromática descendente no final da primeira página, Beethoven enfim inicia o primeiro movimento, num andamento rápido Allegro molto e con brio. O "primeiro tema" por assim dizer é formado de sextas e terças ascendentes acompanhadas por oitavas no baixo, funcionando como um tremolo, o que cria uma tensão quase palpável. A energia não se dissipa ao longo do movimento e está presente em todas as seções: desde a seção onde a mão direita é responsável pela melodia e baixo (seção difícil com os saltos muito rápidos) até à parte onde Beethoven aumenta a tensão incrivelmente, lá pelo compasso 90, num crescendo intenso utilizando todos os extremos do piano. No final da exposição, Beethoven usa o material do tema principal para a coda, que finda essa seção de uma maneira completamente "não-conclusiva". O desenvolvimento também inicia-se com uma introdução ao modo da Exposição. O material é o mesmo e surpreende pela modulação, com uma introdução em sol menor para uma conclusão em mi menor, onde o tema principal retorna. O desenvolvimento termina com uma passagem em colcheias descendentes que se desencadeia na Recapitulação. A recapitulação ocorre de maneira normal até o final do movimento, onde Beethoven traz o material do início do movimento para o desfecho final. Como se fosse um novo início, Beethoven traz a introdução e o início do primeiro tema para encerrar o movimento de uma maneira abrupta. É interessante também notar que Beethoven deixa o último compasso em branco, com uma fermata, como se desse um tempo grande para o pianista descansar e mudar completamente a atmosfera para o início do segundo movimento. O segundo movimento representa uma das páginas mais belas já escritas na música. A melodia suave, acompanhada pelas harmonias que somente poderiam ter saído da pena de Beethoven criam uma atmosfera de tranquilidade e calma impressionante. O movimento se desenvolve baseado na técnica de variação, onde o tema permanece ali, quase imutável, mas com o acompanhamento se modificando a cada vez. Para alunos iniciantes é uma ótima peça para desenvolver a noção do cantabile, onde o pianista tem que dividir a melodia e o acompanhamento numa mesma mão. O terceiro movimento, o rondó é mais uma prova daquela velha frase que Beethoven não compôs um rondó mais ou menos, todos são fenomenais. A forma aqui é o do rondó-sonata, onde Beethoven mistura as formas do rondó (A-B-A-C-A-D-A) e da sonata, criando uma forma nova. No rondó-sonata, A-B-A-C-A-B-A, as seções A,B,A representam o primeiro e segundo temas, sendo B o segundo tema. A seção C representa o desenvolvimento. A recapitulação também apresenta A,B,A, onde B vem na tonalidade original, como em uma forma sonata normal. As seções são bem definidas, e criam mais um atrativo a essa fenomenal obra de arte. Com essa sonata, principalmente o seu primeiro movimento, Beethoven abriu as portas para o futuro - ninguém depois de ouvir essa obra - poderia fechar os olhos para as possibilidades de expressão apresentadas aqui. Aparecem ainda neste registro as sonatas de número 9, 10 e 11, todas grávidas do gênio de Beethoven. Boa apreciação!

Boa parte do texto foi extraído DAQUI

Ludwig van Beethoven (1770-1827) - Sonata No.8 in C minor, op.13 -Pathetique, Sonata No.9 in E major, Op.14 no.1, Sonata No.10 in G major, Op.14 no.2 e Sonata No.11 in B flat major, Op.22

Sonata No.8 in C minor, Op.13 - "Patética"
01. I. Grave - Allegro di molto e con brio
02. II. Adagio cantabile
03. III. Rondo. Allegro

Sonata No.9 in E major, Op.14 no.1
04. I. Allegro
05. II. Allegretto
06. III. Rondo. Allegro comodo

Sonata No.10 in G major, Op.14 no.2
07. I. Allegro
08. II. Andante
09. III. Scherzo. Allegro assai

Sonata No.11 in B flat major, Op.22
10. I. Allegro con brio
11. II. Adagio con molta espressione
12. III. Menuetto
13. IV. Rondo. Allegretto

Wilhelm Kempff, piano

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