Decidir postar um dos meus compositores favoritos: Shostakovich. A postagem que farei estava selecionada desde o mês de julho, mas somente agora, seguindo um cronograma lento, eu conseguir trazê-la à tona. Antes tarde do que nunca! O texto que se segue foi extraído do livro de Lauro Machado Coelho (
Shostakovich - Vida, Música, Tempo - Editora Perspectiva), um calhamaço necessário a todo aquele que admira a obra do compositor russo. O livro possui mais de 500 páginas e faz uma análise impressionante sobre a vida, a obra e o tempo de Shosta. Sobre os
24 Prelúdios e Fugas para piano, Op. 87, Lauro escreve assim: "Antes de embarcar para a Alemanha Oriental, Shostakovich discutira no conservatório a possibilidade de escrever exercícios polifônicos, à maneira dos de Tchaikovcky e Rimski-Kórsakov, destinados a seus alunos de composição. Mas em Laipzig, debatendo a música de Bach com os musicólogos alemães, mudou de ideia. Ao voltar para casa, entre outubro de 1950 e fevereiro de 1951, redigiu os
24 Prelúdios e Fugas para Piano, cujo modelo era o
Cravo Bem Temperado. Ele os apresentou em abril e maio de 1951, a seus colegas da União dos Compositores. Músicos, críticos e musicólogos, reunidos para discutirem-nos em 16 de maio, voltaram à velha tecla do formalismo decadente, acrescentando-lhe a da cacofonia, a respeito dos prelúdios como o em ré bemol maior. Disseram-lhe que estava se afastando da temática atual ("de quem serve repetir o
Cravo Bem Temperado?"). Kóval, Kabaliévski, Izraíl Niéstiev e Serguêi Kriébkov foram os que atacaram mais furiosamente. Apenas seus alunos Svirídov e Iúri Lievitín, e as pianistas Maríya Iúdina e Nikoláieva ousaram falar a seu favor. (...) Nos
24 Prelúdios e Fugas, Op. 87, Shostakovich mostrou como os elementos da linguagem barroca podem ser adaptados ao seu idioma pessoal. Começa com um arranjo quase estilizado (dó sustenido menor), para culminar no cromatismo total, em que tonalidade ocupa posição secundária, apenas por uma questão de convenção (a fuga em ré bemol maior). São peças desiguais, e nem todas apresentam as características do estilo Shostakovich. Algumas delas (dó maior ou fá sustenido maior) são de um arcaísmo de superfície, pouco convincente, sem com isso tirar o valor da obra como um todo. O ciclo passa de peças profundamente dramáticas, impregnadas de pessimismo (mi bemol menor ou fuga em si bemol maior). Há páginas grotescas (fá sustenido menor ou a fuga em lá bemol maior); outras são líricas (Fá menor ou a fuga em sol menor), alegres (ré maior ou a fuga em lá maior). Mas todas elas apresentam um artesanato pianístico de primeira ordem. Como tudo em Shostakovich, as contradições não são poucas; miniaturas de corte perfeitamente tradicional (fá sustenido maior) estão lado a lado com peças de escrita nada convencional (a fuga em ré bemol maior). Algumas delas ligam-se à maneira contemporânea do compositor (dó maior), lembrando por exemplo,
O Canto da Floresta; em outras, (fá sustenido menor), ressurge o estilo do jovem autor das primeiras sinfonias. Algunmas delas têm uma polifonia um tanto árida (a fuga em lá menor); em outras, a feitura bachiana une-se à dramaticidade do mundo de Mussorgski (mi bemol menor). (...) Mesmo para um compositor como Shostakovich, que possuía prodigiosa facilidade para escrever, é enorme a disciplina, a inteligência quase matemática para edificar um edifício com elementos combinatórios tão complexos. Os
24 Prelúdios e Fugas são desiguais, sim - isso já foi dito antes -, mas mesmo essa desigualdade tem de ser encarada em função da não-autonomia de cada peça, de sua inter-relação, da posição que ela ocupa dentro de um conjunto mais vasto. (...) Os 24 Prelúdios e Fugas são uma das obras de Shostakovich que mais resistiram ao tempo, pois até hoje os mais variados pianistas incluem em seu repertório". Como se percebe, após estas palavras tão precisas e definidoras do Lauro, os 24 Prelúdios e Fugas para Piano, Op. 87, é uma obra demasiadamente importante. Shosta era um excelente pianista. É fato que se ele tivesse seguido a carreira de pianista, teria sido um executor de fama internacional. Aqui ele deixou os seus profundos conhecimentos sobre o instrumento. Como executor desses 24 Prelúdios e Fugas temos Tatiana Kikolaeva, que foi aluna de Shosta - como está explícito no texto do Lauro. Não deixe de ouvir este registro imperdível. Boa apreciação!
loading...
O cravo bem temperado é uma das páginas mais belas das composições de Bach. Mostra também a genialidade do alemão como compositor. Seguindo o ciclo de postagens agendadas, não deixe de ouvir mais este disco. Continuo em viagem! Uma boa apreciação!...
Simplesmente imperdivel este disco. Bach foi um mestre na arte do contraponto. É muito bom ouvi-lo. Este disco realça a qualidade das melodias do compositor alemão. É uma interpretação técnica, mas que soa leve e alegre. Faz transparecer ainda...
A finalidades deste post é para quitar uma dúvida assumida desde o mês de agosto. Naquela ocaisão eu havia postado o Livro I de O Cravo bem temperado de Bach. Fiquei de postar o segundo e acabei esquecendo. Foi nesta semana, após ter revalidado os...
Dmitri Shostakovich é um dos principais compositores dos últimos cem anos. Gosto de sua música. Esta caixa que principio a postar é algo de muito bom gosto. Como estou com certa pressa neste instante, a informação básica é de que começarei com...
Decidir postar um dos meus compositores favoritos: Shostakovich. A postagem que farei estava selecionada desde o mês de julho, mas somente agora, seguindo um cronograma lento, eu conseguir trazê-la à tona. Antes tarde do que nunca! O texto que se segue...